sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Amor-próprio

Joel estava triste, sentia que seu mundo havia desabado, estava perdido, sem saber o que fazer. Tudo parecia confuso, sem sentido e nada ao seu redor parecia existir. Só havia um vazio e o seu pensamento que vagava e vagava sem parar e sempre parava no mesmo ponto. Por que ela me deixou?
Seu namoro de três anos havia terminado de forma repentina. Talvez ele não tenha se atentado aos sinais claros de desgaste ou até tenha notado, mas no momento ele não conseguia entender o que tinha acontecido.
Os primeiros dias foram especialmente difíceis e dolorosos. O tempo passava devagar e havia uma esperança de que tudo voltaria ao normal. Mas os dias passaram e a solidão continuava.
Ele tentava se manter ocupado a maior parte do tempo, trabalhando, estudando, jogando futebol e trabalhando mais ainda, até mesmo em casa. Seus amigos tentavam ajudá-lo, levando-o a lugares em que pudesse conhecer outras mulheres. Ele geralmente não ia, mas de vez em quando ele tinha que ir. Seus amigos eram insistentes e o levavam para baladas noturnas com mais bebedeira do que mulheres.
O tempo passou e ele percebeu que sua vida não estava indo bem. Ele continuava perdido e então decidiu que precisava mudar. Ele tinha que tirar algo de bom dessa situação e teve a humildade de admitir que estava mal e de procurar ajuda na internet em sites especializados e em livros de desenvolvimento pessoal.
Pouco tempo depois, ele se surpreendeu com a quantidade de coisas legais para fazer, projetos inacabados, adiados, que agora poderiam sair do papel, viagens interessantes, hobbies sensacionais e outras formas de entretenimento.
E ele percebeu que deveria se sentir bem sozinho, que não precisava de ninguém para ser feliz, que a vida vai muito além de um relacionamento amoroso.
Ele redescobriu o amor-próprio, a autoestima e a autoconfiança. Passou a ser mais divertido e a rir de si mesmo, e começou a ver o lado positivo de qualquer situação e a se recuperar mais rapidamente de emoções e sentimentos ruins.
Quando olhou para trás, relembrou do término do namoro e sorriu ao perceber que aquele foi o pior e o melhor evento de sua vida.


And now I know, I'm better sleeping on my own. [Agora eu sei, estou melhor dormindo sozinho]. You should go and love yourself. [Você deveria ir e amar a si mesma].” Trechos da música Love Yourself, do cantor Justin Bieber.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Olhar perplexo (oportunidade perdida)

Leonardo estava numa clínica médica para a realização de exames de rotina, quando uma garota entrou, falou com uma atendente e se sentou perto dele.
Ele estava lendo uma revista, mas logo a abandonou para olhar mais detalhadamente a garota que tinha acabado de se sentar tão perto que ele estava sentindo o aroma delicioso do perfume que exalava do corpo dela.
Inesperadamente, ela disse que se chamava Jane e ele sorriu educadamente e disse seu nome. Ela, então, começou a puxar assunto com ele, perguntando sobre a clínica, o médico, os exames.
Leonardo, impaciente e meio desajeitado, não se atentou, mas ela talvez estivesse tentando chamar a atenção dele.
Ele, vendo aquela maravilhosa mulher o olhando enquanto falava, ficou meio inquieto e ansioso, sem saber qual atitude deveria tomar.
Havia mais duas pessoas naquela sala e uma delas lhe perguntou algo, mas ele não respondeu porque nem escutou a pergunta, pois estava em transe, viajando no meio dos seus pensamentos. Ele só pensava naquele olhar perplexo o encarando, como se dissesse “Você vai ficar parado aí só me olhando?”.
Em seguida, a atendente chamou o nome dele para entrar no consultório do médico e Leonardo então perdeu a chance de pedir o número do telefone de Jane, pois quando ele saiu da sala de exames ela já tinha ido embora.
Nesse momento, ele ficou angustiado, sentindo que perdeu uma grande oportunidade. Provavelmente ele nunca mais a veria e, desse modo, não saberia se ela estava sendo apenas simpática ou se ela queria mesmo que ele deixasse a timidez de lado e a chamasse pra sair.
Mas de repente uma ideia surgiu na sua mente e ele foi falar com a atendente, pois imaginou que a clínica tinha o telefone de Jane registrado. A secretária não quis revelar qualquer informação inicialmente, mas Leonardo contou sobre a troca de olhares e ela então ficou comovida e verificou se existia algum número no cadastro de Jane.
A esperança de Leonardo logo foi desfeita quando a atendente informou que não havia nenhum número de telefone naquele cadastro. Ela, então, ofereceu-se para ajudá-lo caso Jane aparecesse ali outra vez para o retorno da consulta.
Ele a agradeceu imensamente pela gentileza, mas sabia que era algo muito improvável. Rapidamente ele procurou pelo nome de Jane nas redes sociais, mas a pesquisa não foi positiva. Que azar, ele pensou.
Agora ele só poderia torcer para que a sorte o abraçasse e o inacreditável se tornasse real e prometeu a si mesmo que não deixaria mais passar oportunidades como essa.


All I see is missed opportunity. [Tudo que eu vejo é oportunidade perdida]” Trecho da música Missed Opportunity, da dupla Daryl Hall e John Oates.




terça-feira, 5 de setembro de 2017

Ímã

É difícil de acreditar que eu esteja querendo abrir meu coração depois de tanto tempo. Mas você chegou de repente, de mansinho, e me fez voltar a desejar algo mais envolvente.
Logo eu que não queria me envolver, que estava protegido de qualquer emoção, seguindo a moda de não se apegar, evitando relacionamentos de longo prazo. Provavelmente eu só estava tentando me esconder e proteger meu coração machucado de mais uma decepção.
E agora estou disposto a baixar minha guarda e se entregar ao amor. Mas não antes de me assegurar que você não é só mais uma que vai embora sem deixar saudades ou, ao contrário, uma que vai deixar muitas lembranças e meu mundo sem chão.
Mas não existe esse tipo de segurança, só existem indícios, meras expectativas. É tão bonito acreditar que tudo vai dar certo, que vai ser perfeito, que existe uma confiança inabalável e vamos ser felizes para sempre, mas tudo pode desabar tão rapidamente, sem aviso prévio. De fato, o que existe é a esperança de que seremos uma das exceções nesse mundo cheio de fingimento e reviravoltas.
Então, o que fazer, se a minha vontade é correr esse risco, abraçar esse medo até que ele suma e deixar fluir esse sentimento que está se formando?
Há uma espécie de conflito entre a proteção e a vontade, porém, quanto mais me aproximo de você, esse aparente embate tende a seguir para o caminho de um relacionamento sério, o que pra mim era inimaginável até alguns dias atrás.
E eu fico pensando no que você tem de especial para despertar esse sentimento e simplesmente não consigo explicar. No fundo, acho que não deve mesmo existir uma explicação, mas algo em você é como um ímã e eu fico inevitavelmente atraído pelo seu olhar.
Só me resta fazer o meu melhor por nós e esperar que tudo corra bem porque não posso mais ficar preso dentro de mim mesmo, deixando a oportunidade passar.


Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.” Trecho da música All Star, de Cássia Eller.