sexta-feira, 26 de março de 2010

Pôr do sol

O dia estava lindo. Um sol magnífico brilhava no ar e o céu estava completamente azul, sem nenhuma nuvem.
Fabrício tinha combinado um encontro com a sua colega de faculdade. Mas não era um encontro romântico (bem que ele queria); era só um trabalho da faculdade.
Era só o primeiro período da faculdade e, por isso, Fabrício não a conhecia muito bem. Pra falar a verdade, ele nem se lembrava do nome dela.
Lá pelas três horas da tarde, ela chegou à casa dele e logo começaram a fazer o trabalho. Era algo sobre física nuclear e eles estavam meio perdidos, sem saber o que fazer exatamente. Mas, no final, conseguiram reunir o que tinham pesquisado e o trabalho não ficou muito a desejar.
Lá pelas cinco da tarde, quando terminaram o trabalho, Fabrício a convidou para lanchar perto da sua casa, na beira do lago que banhava a cidade. Lancharam e Fabrício logo perguntou o nome dela. Ela disse que se chamava Ana.
Fez-se um silêncio. Fabrício olhava o pôr do sol. Ele, que já estava acostumado a olhar o pôr do sol dali, encantou-se mais uma vez, pois a visão era linda. O sol se pondo entre nuvens que representavam desenhos coloridos entre laranja, roxo, vermelho e outras cores que nem tinham nomes.  
Ana disse que ainda não tinha visto nada igual. Fabrício também fez que sim e, chegando mais perto dela, perguntou o que realmente queria saber.
- Você tem namorado?
Ela disse que não, que há muito tempo não tinha. Ninguém queria nada sério.
Ele disse que queria algo mais do que sério e ela sorriu, duvidando.
- A sua fama na faculdade diz o contrário – ela respondeu.
- E você perguntou por mim na faculdade?
Ela fez que sim, meio sem graça.
- Essa fama ficou para trás – disse ele, pegando nas mãos dela. – Você deve ter perguntado pra pessoa errada, talvez uma mulher invejosa e ciumenta que insiste em me denegrir, só por que a deixei no ano passado. Por acaso, não foi com a Vera que você conversou?
Ela fez que sim novamente e mais sem graça ainda.
- Tá vendo. As aparências enganam.
Ela o beijou e eles ficaram ali, curtindo aquele lindo pôr do sol, abraçados.


Diego Morais Viana.

“Aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?”. Trecho da música “Vento no litoral” da Legião Urbana. 

terça-feira, 23 de março de 2010

Mais uma vez: Sorte


A sorte começava a mudar para Augusto. A sua vida de azar parecia ter ficado para trás quando conheceu Alícia.
Logo ele que havia desperdiçado várias oportunidades de mudar a sua vida para melhor.
Mas logo que a conheceu, sentiu algo extremamente especial em seu coração, como se soubesse que ela era a escolhida, a tão esperada mulher de sua vida. 
Conheceram-se meio que por acaso e seus caminhos quase sempre se cruzavam e tudo que ele falava era um “oi”, “bom dia”. Então, uma semana depois da primeira vez que a viu, teve coragem suficiente para falar com ela e a convidar para um jantar. Ela ficou surpresa e sorridente e aceitou o convite.
Naquela noite, começaram o relacionamento. Ele queria algo sério e ela também. Parecia que haviam sido feitos um para o outro. Almas gêmeas, como dizem. 
A sorte de Augusto mudou. Oportunidades apareceram e ele não as desperdiçou. Começou a trabalhar e a ganhar um bom dinheiro. Ganhou até na loteria (na quina) o valor correspondente a R$ 51.853,26. Comprou um belo carro, pois ele já tinha uma casa para morar.
No fim do ano, decidiram ir para Búzios e passaram o melhor réveillon de suas vidas. Tudo estava tão perfeito. Foi tudo perfeito.
Na volta para casa, Augusto estava tão feliz. Dirigiu devagar. Não tinha nenhuma pressa. Mas numa ladeira, outro carro fez uma ultrapassagem perigosa e veio direto na direção de seu carro. Não deu tempo nem de desviar.
Todo o mecanismo de segurança do carro não serviu para nada. Augusto e Alícia morreram na hora. Parece mesmo que tinham sido feitos um para o outro. 

"E depois do começo
O que vier vai começar a ser o fim" - Depois do começo - Legião Urbana.

Obs: Essa postagem é uma repetição da postagem do dia 28/11/2009.

sábado, 13 de março de 2010

Um conquistador

Durante toda a sua longa vida, Rogério já havia namorado muitas mulheres e ficado com outras tantas. Ele só tinha 25 anos, mas se gabava de já ter feito quase tudo nessa vida. E, quando o assunto era mulher, ele dizia que sabia tudo. E isso era mesmo uma meia verdade, se é que isso existe.
Brincava com os corações das mulheres, como se elas fossem bonecas sem sentimentos. Desfazia-se delas da mesma maneira que as conquistava: rapidamente e sem nenhuma emoção.
Era um típico conquistador, do tipo que não aceita não como resposta. E esse foi seu maior erro.
Quando encontrou uma mulher (o nome dela era Suzana) que não se deixou seduzir por seus truques baratos, ele se viu perdido, relembrando a mulher que o havia deixado. Foi esta mulher (a que o deixou) que fez com que ele se transformasse num homem vazio e sem sentimento.
Rogério, então, decidiu que não descansaria até ter Suzana ao seu lado. Talvez por que quisesse parar de ser um conquistador e quisesse realmente amar novamente. Ou talvez somente por que um conquistador sempre quer conquistar alguém que não cede tão fácil.
De qualquer forma, ele passou a ir aos mesmos lugares que ela ia e a fazer todo tipo de proposta (um almoço, um jantar, um lanchinho, um cafezinho, uma caminhada ou simplesmente uma conversa).
Ela não aceitava nenhuma proposta e se negava a lhe dar o número de seu telefone.
Até que, dias depois, ele descobriu onde ela morava e levou flores, chocolate e um bilhete. No mesmo dia, ela ligou (ele tinha deixado o seu número no bilhete). Disse que não queria ser só mais uma conquista. Ele disse que ela era muito mais, e que estava apaixonado. Ela então o chamou para jantar na casa dela e tudo saiu muito bem, mesmo depois de adormecerem juntos na mesma cama (ele nunca ficava até amanhecer).  
Nos outros dias, eles continuaram se encontrando e novamente o amor nasceu no coração de Rogério, que pediu Suzana em casamento depois de três meses e ela aceitou no mesmo instante.
Quem diria, o conquistador foi finalmente conquistado.

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração”. Eduardo e Mônica – Legião Urbana.

terça-feira, 2 de março de 2010

Medo

Era noite. Estava chovendo. Raios e trovões se perdiam pela noite escura.
De repente, faltou energia. Carlos estava só em casa. Seus pais estavam trabalhando. Eram professores.
Ele era um garoto de apenas 16 anos e começava a ficar com medo.
Nesse momento, tentou encontrar uma vela para acendê-la. Ligou seu celular para clarear um pouco em sua volta. Assim, conseguiu pegar uma vela e o isqueiro. Acendeu então a vela e ficou um pouco mais tranqüilo.
Foi aí que escutou alguns barulhos estranhos pela casa e se lembrou que se mudou há apenas um mês para aquela casa e que os vizinhos tinham falado que os antigos moradores eram estranhos e sempre ouviam barulhos e vozes.
Carlos estava inquieto, com muito medo. E então ouviu um barulho mais estranho ainda vindo da porta da frente. Era um ruído baixo, mas assustador.
Carlos sentiu seu coração bater acelerado. Nunca tinha sentido tanto medo. Começava a acreditar que a casa era mal assombrada.
Foi então que seus pais chegaram e, quando entraram, viram que Carlos estava muito assustado.
- O que foi filho? – perguntou sua mãe, apreensiva.
- Você não viu o que tinha lá fora? A casa estava fazendo barulhos estranhos.
- Filho, não havia nada lá fora, só o Tob, que estava lá fora querendo entrar – sua mãe o abraçou. – Não há motivo para pânico.
Tob, o cachorro da casa, estava lá fora, numa área protegida da chuva, passando a pata sobre a porta, querendo entrar na casa, pois estava com frio. 

"E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão". Daniel na cova dos leões - Legião Urbana.

Obs: Repetição de uma postagem do dia 13/11/09.